Eu estou morando na Alemanha desde janeiro de 2016 e, antes disso, já tinha viajado por motivos de trabalho para cá - se não me engano, a primeira vez que vim para cá foi em 2014 - e também viajei à lazer para outros lugares dentro e fora do Brasil. Posso dizer, portanto, que acumulei alguma experiência, ainda que pouca, no sentido de conhecer outras culturas e outras modos de vida, desde o relacionamento entre família que muda muito de um lugar para outro, até a vida em sociedade e tipos de governo (tipo aquela doideira no Reino Unido).
Aprendi, depois de alguns tropeços, que um dos maiores clichês que todo mundo fala também é uma das maior verdades: "Não existe certo ou errado, apenas o diferente."
A gente é tudo um tipo de bicho estranho que ainda foi pouco estudado. Eu, por exemplo, sou um belo exemplar da nossa espécie - muito embora alguns amigos me digam que um dia a nave mãe vem me buscar pra levar de volta pro planeta de onde eu vim, o que eu respeito... - então vou tomar minha experiência por base. A gente nasce e a maioria de nós cresce num local familiar ou no seio familiar, com valores que vão sendo incutidos na gente, formando a noção do que está certo e errado e, a partir disso, a gente vai aprendendo sobre outros lugares, a gente vai viajando e se desgarrando e inevitavelmente, vai comparando a verdade dos outros com a nossa. É a velha história de que a grama a do vizinho é mais verde que a minha.
Depois de um ano e meio fora do Brasil, tive que aprender a parar de tentar comparar o que é bom aqui e ruim no Brasil, e vice versa. Não apenas porque isso é feio, mas porque isso ia me matando aos poucos, porque tem tanta coisa legal por aqui na Europa e me parece muito egoísta eu apenas virar e falar "ah lá! Tá vendo? é por isso que eu detesto o Brasil!", pelo simples fato de que não estou fazendo absolutamente nada para mudar a realidade do local de onde eu vim.
Dia desses tive um pequeno desentendimento com minha professora de alemão porque ela insistia nas comparações entre os bávaros alemães-super ricos-poderosos e os canarinhos brasileiros nanicos e desnutridos. Ela insistia nas desgraçadas comparações não porque tinha prazer nisso (eu acho!) mas porque precisava ensinar comparativos e superlativos. MAS TUDO TEM LIMITE! Chegou num ponto em que eu deixei claro em alto e ruim alemão:
"Aqui tudo é lindo mas o clima e as pessoas são uma droga."
...
~respira~
...
"Desculpa, fêssora!" :/
O que quero dizer é simples: música clássica é música, sertanejo e country também são tipos de música, funk é música, rock é música e até a extinta banda Calypso é música (ou não, né?). Tudo é um tipo diferente da mesma coisa e aí entra o seu gosto, aquilo que você gosta e o que não gosta. Nada disso significa, porém, que o gosto de outro está errado - a não ser que o outro goste de Calypso, aí sim, esta pessoa está errada...
Eu aprendi que existem mil maneiras diferentes de fazer a mesma coisa.
E, motivado por vídeos no Facebook de uma turma que vive na gringa e fica comparando as coisas com o Brasil, resolvi escrever isso. Também porque sei que ninguém vai ler, mas até aí tudo bem.
O Brasil não é pobre, é apenas muito mal administrado. Muita gente é desonesta e a gente "meio que nasce" aprendendo que se fizer o certo, é idiota, porque desde Cabral que aqui todo mundo rouba. Dinheiro no Brasil não é um problema. Estamos mais no nível da pobreza cívica e cultural. É só isso e não abro mão de pensar dessa maneira, mas daí os idiotas que têm a SORTE de conseguir uma oportunidade fora do Brasil e a DUPLA SORTE de conseguir um emprego e a TRIPLA SORTE de superar barreiras como idioma e clima, ficarem ostentando pra galera no Brasil se sentir ainda mais desgraçada é inadimissível.
Porra, nosso povo sofre tanto! É imposto, convênio médico, escola particular, transporte público precário, um trânsito caótico...basta a realidade cotidiana brasileira pra se frustrar! Daí me vem idiotas que falam "olha só, brasileiro babaca, o quilo da picanha aqui em Miami é barateeenho! seo trouuxa!"...AH VÁ PRA PUTA QUE O PARIU, né tio? Sair do país pra ficar desgraçando-o não tem graça nenhuma e além do mais, acho que quem faz isso é como a mulher que apanha do marido mas não o larga nem por decreto.
Era só isso. Tô melhor agora.
Desculpa o post longo. Aceite essa cerveja alemã como pedido de desculpas:
Tschüss!
Aprendi, depois de alguns tropeços, que um dos maiores clichês que todo mundo fala também é uma das maior verdades: "Não existe certo ou errado, apenas o diferente."
A gente é tudo um tipo de bicho estranho que ainda foi pouco estudado. Eu, por exemplo, sou um belo exemplar da nossa espécie - muito embora alguns amigos me digam que um dia a nave mãe vem me buscar pra levar de volta pro planeta de onde eu vim, o que eu respeito... - então vou tomar minha experiência por base. A gente nasce e a maioria de nós cresce num local familiar ou no seio familiar, com valores que vão sendo incutidos na gente, formando a noção do que está certo e errado e, a partir disso, a gente vai aprendendo sobre outros lugares, a gente vai viajando e se desgarrando e inevitavelmente, vai comparando a verdade dos outros com a nossa. É a velha história de que a grama a do vizinho é mais verde que a minha.
Depois de um ano e meio fora do Brasil, tive que aprender a parar de tentar comparar o que é bom aqui e ruim no Brasil, e vice versa. Não apenas porque isso é feio, mas porque isso ia me matando aos poucos, porque tem tanta coisa legal por aqui na Europa e me parece muito egoísta eu apenas virar e falar "ah lá! Tá vendo? é por isso que eu detesto o Brasil!", pelo simples fato de que não estou fazendo absolutamente nada para mudar a realidade do local de onde eu vim.
Dia desses tive um pequeno desentendimento com minha professora de alemão porque ela insistia nas comparações entre os bávaros alemães-super ricos-poderosos e os canarinhos brasileiros nanicos e desnutridos. Ela insistia nas desgraçadas comparações não porque tinha prazer nisso (eu acho!) mas porque precisava ensinar comparativos e superlativos. MAS TUDO TEM LIMITE! Chegou num ponto em que eu deixei claro em alto e ruim alemão:
"Aqui tudo é lindo mas o clima e as pessoas são uma droga."
...
~respira~
...
"Desculpa, fêssora!" :/
O que quero dizer é simples: música clássica é música, sertanejo e country também são tipos de música, funk é música, rock é música e até a extinta banda Calypso é música (ou não, né?). Tudo é um tipo diferente da mesma coisa e aí entra o seu gosto, aquilo que você gosta e o que não gosta. Nada disso significa, porém, que o gosto de outro está errado - a não ser que o outro goste de Calypso, aí sim, esta pessoa está errada...
Eu aprendi que existem mil maneiras diferentes de fazer a mesma coisa.
E, motivado por vídeos no Facebook de uma turma que vive na gringa e fica comparando as coisas com o Brasil, resolvi escrever isso. Também porque sei que ninguém vai ler, mas até aí tudo bem.
O Brasil não é pobre, é apenas muito mal administrado. Muita gente é desonesta e a gente "meio que nasce" aprendendo que se fizer o certo, é idiota, porque desde Cabral que aqui todo mundo rouba. Dinheiro no Brasil não é um problema. Estamos mais no nível da pobreza cívica e cultural. É só isso e não abro mão de pensar dessa maneira, mas daí os idiotas que têm a SORTE de conseguir uma oportunidade fora do Brasil e a DUPLA SORTE de conseguir um emprego e a TRIPLA SORTE de superar barreiras como idioma e clima, ficarem ostentando pra galera no Brasil se sentir ainda mais desgraçada é inadimissível.
Porra, nosso povo sofre tanto! É imposto, convênio médico, escola particular, transporte público precário, um trânsito caótico...basta a realidade cotidiana brasileira pra se frustrar! Daí me vem idiotas que falam "olha só, brasileiro babaca, o quilo da picanha aqui em Miami é barateeenho! seo trouuxa!"...AH VÁ PRA PUTA QUE O PARIU, né tio? Sair do país pra ficar desgraçando-o não tem graça nenhuma e além do mais, acho que quem faz isso é como a mulher que apanha do marido mas não o larga nem por decreto.
Era só isso. Tô melhor agora.
Desculpa o post longo. Aceite essa cerveja alemã como pedido de desculpas:
Tschüss!