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domingo, 21 de fevereiro de 2016

O rádio e a TV: como funciona o serviço por aqui?

Nunca fui muito de assistir TV.  Claro que, como todo bom brasileiro, sei dizer um par de nome de novelas famosas e quando pequeno não perdia a ~Banheira do Gugu~

Uba uba uba ê!

Mas passou e mesmo tendo NET em casa, a gente não assistia mais do que uns 2 programas do Multishow, e blz.
Rádio, por conta do carro, já era mais minha praia.  Saia de casa todo dia ouvindo o Milton Jung na CBN, vez por outra rolava uma rádio Eldorado e até uma Nova Brasil FM, ou o Chupim da Metropolitana - se conseguia, ouvia o Pânico na Jovem Pan na hora do almoço, mas muito raramente.

Daí a gente veio pra cá.  

Aqui, cerca de duas semanas depois de se registrar na cidade, a gente recebe uma carta da ZDF - que quer dizer "Zweiten Deutschen Fernsehen" que seria algo como "Meio televisivo alemão" ou quase! - dando boas vindas e dizendo que será debitado da sua conta o valor de €17,50 por mês pelos sinais de rádio e TV, mesmo que você não tenha TV ou rádio na sua casa.  Essa é a primeira diferença: todo mundo aqui paga pelo serviço de TV e rádio, querendo ou não.

A outra diferença é em relação aos canais públicos e privados.  Na TV há cerca de 30 canais com boa qualidade de som e imagem.  Não existe decodificador e pãnz...o cabo vem da rua direto pra TV e imagem e som já estão em HD (deve ter gente com decodificador, mas nunca vi).  Daí, como eu disse, são cerca de 30 canais.
Desses + - 30, 10 canais são públicos, ou seja, são do Estado.  O resto são canais privados.   

Pra entender na prática, pense que a rede Globo, no Brasil, é um canal privado, assim como o SBT, a Record e a Bandeirantes.  
Os canais públicos que eu conheço no Brasil são a Cultura, a TV Câmara, o canal da Assembléia Legislativa de SP (Alesp), entre outros.

Mas daí, é o seguinte: os canais públicos daqui da Alemanha são muito mais assistidos e populares dos que os canais privados daqui da Alemanha.  A programação é variada e de muita qualidade.

Para exemplo, o "Jornal Nacional" daqui é chamado Tageschau e é um jornal diário nacional do canal público ARD.  É o maior (e melhor) jornal do país.

 
Eu até conhecia uns programas da Cultura, tipo o Roda Viva ou aquele programa da Marina Person, lá, e graças a Deus a Cultura nos deu o Castelo Rá-Tim-Bum, mas falar que a qualidade de som e imagem da Cultura era a melhor, é mentira. 
 
Os maiores canais públicos daqui são o ARD e o 2DF, de conteúdo jornalístico e documentário no melhor estilo Globo Repórter. 

Daí funciona assim: os canais públicos, por serem públicos, quase não têm propaganda.  Can you believe it?  Quando tem, é pouco e só até as 20h.
Pode parecer besteira, mas não é.  Acho que no Brasil os canais públicos quase não tem propaganda também!  Não lembro muito se tinha muita propaganda na Cultura...

O canal infantil mais assistido daqui é o KiKA, que não tem nenhuma propaganda e uma programação super legal pra crianças:

 Canal KiKA

Entre os públicos, ainda tem os de esportes e os de variedades.  


 O Eurosport também é um canal público.  Esse jogo aí é o feminino de Bayern München e Wolfsburg.

O canal ARTE, por exemplo, é uma parceria entre o governo alemão e o governo francês pra veiculação de conteúdo artístico dessas regiões, então tem música, documentários regionais e alguma coisa internacional também.  Tem outros que são mais de gastronomia e entretenimento também:

 Programa de culinária do canal ZDF

Já nos canais privados, a qualidade é boa também, mas é óbvio que entra em cena a questão do lucro da empresa.  Ou seja: propagandas!  Daí é gritante a diferença entre um canal público e outro privado.  Mas alguns canais são muito bons sim, como o RTL, onde passa o ÍDOLOS daqui.


Outros canais privados são focados em cultura, outros são infantis.

É óbvio que os canais públicos não têm propagandas porque acabam por ser pagos pelos 17,50 euros que todo mundo paga, mas aí entra a cultura do pessoal aqui...ninguém reclama, porque a qualidade do canal público chega a ser melhor do que a dos canais privados.

É possível também ter televisão por assinatura da Sky aqui, mas definitivaente não vale a pena para quem não fala alemão: 98% da grade de todos os canais, públicos, privados e por assinatura, são dublados em alemão sem legenda em inglês e muito menos em português.  
É sério: aqui eles passam a vida inteira sem conhecer a verdadeira voz da Angelina Jolie, da Cameron Diaz ou do Jim Carey...tudo sempre é dublado em alemão.    
Mas enfim, tem a opção de assinar Sky pra ter uns dois ou três canais a mais de notícias tipo CNN ou BBC e ter um ou outro canal de filmes em inglês. 
Um amigo nosso assinou e se arrependeu! :(

O rádio é ótimo e com muita música americana.  Algumas rádios parecem simplesmente repetir a programação e as mesmas músicas a cada 10 horas, mas tá valendo.  A qualidade de som é muito boa!  Você escuta música pop alemã, é claro, tipo essa que é uma febre e toca a cada 5 minutos: 

Música se chama Geiles Leben da banda Glasperlenspiel.
 
mas tem música francesa também e muito pop/rock/country americanos.  

Então é isso.  As principais diferenças entre a TV no Brasil e a TV na Alemanha são:
  •  A qualidade da TV pública é inquestionável.  E em relação ao Brasil, muito superior.
  • Aqui se paga mensalmente pelo sinal de TV e rádio, no Brasil não.
 
E quem estiver interessado num post bem legal sobre esse assunto, recomendo o artigo que o Gustl fez no blog dele, que você pode ver clicando aqui.
 
Deixo eu ir lá que vai começar o programa da Sônia Abrão daqui com a Mama Bruscheta daqui.
 
Tschüss!   

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Bruxas, piscina e carteira perdida

No sábado fomos visitar a cidade de Goslar, há 40 minutos daqui de Braunschweig.  

 Olhae que pertin!

A cidade tem várias coisas interessantes e fatos curiosos.  Além de ser a cidade das bruxas aqui na Alemanha, Goslar fica na região dos Herz, uma floresta numa área montanhosa que aparece até no drama "Fausto", do Goethe, que vende sua alma pro diabo.


As bruxas de Goslar, igual sua mãe, aquela Bruxa do Leste...

Lá tem uma mina de mais de mil anos que dá pra visitar - e a gente foi.  Mano, você entra dentro da mina, lá dentro pros aprofundamentos mais profundos da Terra funda...é fucking awesome!

A mina Rammelsberg

Foi muito legal visitar uma mina de verdade.
A única mina que eu já conhecia era a mina daquele capítulo do "Zé da Mina abandonada" do Pica Pau.


Daí voltamos pra casa e fomos conhecer, do alto dos 2 graus de temperatura, a piscina pública aqui perto de casa.
SIM!  FOMOS PRA PISCINA!!!
Na verdade, tem uma "academia" aqui chamada Wasserwelt, perto de casa.  A Wasserwelt tem sauna, academia completa e piscinas pra treino, mas qualquer pessoa pode chegar lá, pagar uma taxa diária de 5,90 euros e usar todo o parque aquático o dia todo ou pagar 2,70 pra usar por uma hora.  Como a gente não conhecia, optamos pela opção de uma hora.
MANO! BAGUIO DA HORA DA PEGA! hahahaha
Olha a área das piscinas:


Tem piscina com correnteza, cascata, ofurô, piscina de 4 metros de profundidade, piscina pra criança, toboáguas, trampolins, camas de bolhas, zás!  Tudo devidamente aquecido e tal.  Estrutura de banho, restaurante, secador de cabelo pra mulhegada e panz!  MEO! Por menos de 3 euros!
Isso sim é popular e acessível!
Você vê, do alto dos 2 graus de temperatura, famílias inteiras indo curtir um sábado na piscina, porque todo mundo pode pagar e porque todos são civilizados pra conviver num ambiente assim.  
De verdade: impressionante!

Daí OK!  Estamos lá, felizes e contentes e viemos embora no sábado a noite.
No domingo a Lais deu falta da carteira dela.  Reviramos a casa e o carro, não encontramos...lá se iam os cartões, as carteirinhas de registro, dinheiro, etc.  Mas decidimos procurar na piscina, porque foi o um dos lugares onde - muito improvavelmente - estaria.
Fui até lá hoje cedo.

A carteira estava lá.
Com TUDO! Cartões, documentos E O DINHEIRO intacto!


Tárra tudo lá!
Daí a moça da recepção disse que alguém encontrou no sábado e devolveu lá na recepção.
Não estou escrevendo isso pra dizer que isso não teria ocorrido no Brasil, nada disso - eu mesmo teria devolvido qualquer coisa que eu encontrasse na rua, ainda mais uma carteira...é ruim perder essas coisas!...mas é pra dizer que eu me surpreendi com o fato de não terem mexido em absolutamente nada e terem deixado no local correto pra devolução.

Sei lá...não quero ser falso moralista nem pregar boa conduta, não é meu papel e nem quero...cada um que tire sua própria conclusão.  Só acho que eu preciso aprimorar meu senso de dever como cidadão e meu senso de justiça enquanto ser humano.

Tamo ae, galero!

Tschüss!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Um idioma difícil



Eu sempre fui o CDF da turma…o nerd.  Aprendi a ler e escrever cedo, aprendia as coisas rapidamente.  Não tô me gabando de nada, mas até hoje é assim...não preciso ler um parágrafo mais de uma vez pra entender a mensagem; se entro num curso, aprendo e toco e barco.  
Detesto estudar, mas adoro aprender.  Até meu gosto por viajar está muito interligado ao fato de “poder aprender com outras culturas” – é meio clichêzão, mas é a real.  Porra – até a Lais sabe disso! – se eu tenho insônia durante a noite, entro no Google e descubro uma série de coisas sobre a capital da Escócia ou a família real japonesa, ou vejo quais são os animais em extinção ou leio sobre placas tectônicas ou sobre gin...posso dizer que sou um curioso ativo.  O resultado é que eu aprendo muito.  Soma-se a isso o fato de eu ser bastante observador e gostar de escrever (Hello World!), daí já viu...sou quase um filósofo mal formado rsrsrsrsrsr

Resumindo o parágrafo de cima ~sem me achar~: aprendo rápido.  Segundo meus conceitos, pelo menos...

Entrei pra fazer inglês aos 12 anos e aos 16 já falava e me arriscava dando uns par de aula.  Sempre achei inglês um idioma rEdículo.  É fácil falar e conjugar verbo...escrever é mais ou menos, mas a gente quase não precisa escrever em outro idioma. 

Daí fiz francês por um ano e aprendi a fazer biquin e tudo.  Terminou que eu sei pedir uns par de pratos, perguntar onde é o banheiro e cantar umas músicas, tipo Jordi.    
Pouca coisa, mas acho que aprendi bem rápido, apesar de ser um fucking idioma difícil, muito igual ao português com variacão de gênero, número e grau...conjugacões iguais ao português.  Resumindo: um idioma cú sujo.

Aí tem o alemão.  Então...aí é tudo em alemão mesmo.  É de verdade aquelas palavronas.
Se francês é um cú sujo, alemão é uma espinha com pus no suvaco. Putaqueoparil.
É um pouco parecido com o inglês, principalmente na pronúncia:

Inglês
Alemão
Palavra
Som em português
Palavra
Som em português
Twelve (doze)
/tuélve/
Zwölf (doze)
/tsuêlv/
Blood (sangue)
/blúd/
Blut (sangue)
/blút/
Street (rua)
/istriti/
Straße (rua)
/ixtrásse/
Flesh (carne)
/flésh/
Fleisch (carne)
/flâichi/
Fish (peixe)
/fích/
Fische (peixe)
/fíche/
 
Parecido, né?

Mas daí tem um bilhão de palavras que não tem nada a ver com o inglês:

Wintergartenfachgeschäft

Daí você tem que fazer um “cirurgia” na palavra: Winter (inverno) + Garten (jardim) + Fach (especialidade) + Geschäft (loja)
Ou seja: Loja especializada em jardins de inverno


Tem ainda o Taschentuche que é Tasche (bolsa) + Tusche (lenço): lenço de bolsa (ou de bolso)


E tem umas bem fáceis como o Blumenvase onde Blumen (flor) + Vase (vaso)...daí da vaso de flor e pronto.

Mas tem palavras que não tem a menor relação com a traducão em português.

Lebensabend = Leben (vida) + Abend (noite) = “a noite da vida”? NÃO!
É a “terceira idade” ou ainda, “melhor idade”!

Eu e a Lais, daqui uns dias.

E tem as letras diferentes aqui também: ä, ö, ü e ß
Essas aqui são fáceis: ä, ö, ü – no passado elas eram assim “ae”, “oe” e “ue”.  Elas são lidas assim hoje, mas escritas com a trema.
Käse (queijo) = lê-se /quése/

E esse aqui ß é uma letra chamada “eszett”. 
Não é um “beta” do alfabeto grego.  O “beta”, no grego, é a letra “B”. 
O eszett ß tem som de dois “S”s.  
O ß (eszeet) veio do alfabeto gótico e foi incorporado no alfabeto alemão.  Esteticamente, é parecido com o beta grego, mas só até a segunda página:

  • Isso aqui é um eszeet alemão com som de dois “S”: Fußball (futebol, em alemão)
  • Isso aqui é um beta grego com som de “B”: βιογραφία (biografia, em grego)

Os números são um desafio à parte: nas dezenas depois do 20, fala-se a unidade e depois a dezena.
4 = vier /fiâ/
5 = fünf /funf/
30 = dreißig /draissig/
40 = vierzig /fiâtzig/
34 = vierunddreißig /fiâundraissig/
45 = fünfundvierzig /funfundifiâtzig/

Minhas aulas começaram nessa semana e estou longe ainda de deslanchar...vai um ano aí pelo menos pra ter um pouco de segurança.  Não tenho medo, até porque estando aqui no ambiente dos caras, ouvindo esse idioma monstruoso todo dia, a cada minuto, uma hora deve sair alguma coisa.
Já sei dizer algumas coisas, como:

Das geht es nicht.  Ich habe einen Termin morgen am drei Uhr...Entschuldigung!
Que quer dizer: 
Não dá.  Eu tenho um compromisso amanhã às três horas...desculpe!

Além de pedir comida, perguntar onde é o banheiro (Was ist die Toileten bitte?) e me virar na rua.  A Lais também já arranha bem e deve terminar o ano falando melhor que eu.
A coisa é ser compromissado.  E é um desafio pessoal falar essa merda, então eu vou falar e pronto!
Eu falo “nóis vai, nóis vem” em alemão, mas falo! Ahahahaha

Tschüss!